Dor crônica: quando acreditar já é um cuidado
25/08/2025
Dr. Carlos Marcelo de Barros

A dor crônica é silenciosa, invisível e, muitas vezes, incompreendida. Quem sente sabe o quanto ela ultrapassa os limites do físico: ela afeta a rotina, a autoestima e, principalmente, a forma como nos relacionamos com o mundo. Ainda assim, familiares, amigos e colegas de trabalho podem achar que se trata apenas de “frescura” ou “desculpa”. Mas a verdade é que cada pessoa sente a dor de uma maneira única, e aprender a enxergar isso é o primeiro passo para oferecer apoio real.
Não existe uma régua universal para medir a dor. O que para alguns pode ser suportável, para outros se torna incapacitante. E essa diferença não é sinal de fraqueza: é resultado da interação entre fatores biológicos, emocionais e até sociais. Experiências de vida, genética, estresse e traumas moldam a forma como cada organismo interpreta os estímulos dolorosos. Isso explica porque duas pessoas com o mesmo diagnóstico podem relatar experiências tão distintas.
Na dor crônica, o corpo e o sistema nervoso entram em um ciclo que parece não ter fim. O cérebro, em constante alerta, amplia a percepção da dor. Ansiedade, noites mal dormidas e sentimentos de impotência tornam o quadro ainda mais pesado. Por isso, além de médicos e tratamentos, o olhar compassivo da família é um dos elementos mais valiosos no processo de cuidado.
Validar a dor do outro não significa apenas acreditar em suas palavras. É entender que, por trás de cada limitação ou pedido de ajuda, existe uma luta diária que não pode ser vista a olho nu. Pequenos gestos de compreensão, paciência e acolhimento ajudam a quebrar o isolamento e devolvem ao paciente algo que muitas vezes se perde no caminho: a esperança.
Dor crônica não é imaginação, não é falta de força de vontade. É uma condição real, que exige tratamento adequado, mas também exige empatia. Quando a família aprende a escutar e a respeitar essa experiência única, não só alivia o fardo de quem sofre, como fortalece os laços de cuidado que sustentam a vida.
⚕ Dr. Carlos Marcelo de Barros - CRM/MG 39.448
Anestesiologia RQE 16.085 / Área de atuação em Dor RQE 42.108 / Medicina Paliativa RQE 47.014
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